terça-feira, 11 de outubro de 2011

Crianças, você as viu?

                                           
Crianças, nascidas para nos dar alegria e esperança, alegria de viver, esperança de dias melhores. Crianças desprovidas de toda raiva que o adulto carrega, não elege normas, não altera leis, vive a sorrir e com a certeza da paz interior nos convoca a fazer o mesmo.

Crianças, nascidas para serem protegidas, por nós, pelas leis, de nós mesmos. Crianças...incapazes de compreender que a vida é bem mais sofrida que um simples nascimento do primeiro dente, que nós sábios adultos inventamos diversas maneiras de sofrer, de não tentar, de culpar a vida por nossos próprios fracassos.

Crianças, muitas nascidas ao vento, ao relento de uma noite que não é só fria, é perversa, é perigosa, é Rua. Diante de nossos olhos que aprendeu a não ver aquilo que não queremos enxergar, a mãe no chão que pede, o pai no semáforo que mendiga, a criança abandonada que chora.

Crianças, é dia de brincar, mas brincar de quê? Brincar de ganhar comida é raro, brincar de estudar é incomum, brincar de ter um lar é quase impossível, brincar de ter segurança é difícil, brincar de sofrer...de novo.

Crianças, abandonadas por nós, sobrevivem às estatísticas pela vontade de vencer, sobrevivem às ruas por vontade de comer, sobrevivem a tudo por vontade de crescer. Crianças do meu Brasil que choram caladas a dor, que sofrem sozinhas a perda, que aprendem com a vida a conhecer a morte.

Crianças, que passado vão carregar lá na frente? Que presente deixamos eles herdarem? Que futuro pretendem traçar? Crianças que sonham com casinhas de boneca, que sonham com príncipe encantado, com a moto mais veloz, o carro mais potente...não sabem a conta que terão que pagar.

Crianças que pagarão o preço de nosso egoísmo, a nossa fome por destruição, a nossa desesperada perseguição pela fortuna, a nossa falta de tempo para problemas sociais, pagarão o preço por sermos desonestos, por sermos uma sociedade submissa, por olharmos apenas para nosso umbigo.

Crianças, de sinais em sinais, de coletivos em coletivos, entre becos e tocas, vão vivendo, vão sofrendo, e você passa o ano todo sem ver, e no dia deles você finge se importar, e então eles vivem um dia maravilhoso de mentiras, onde todo mundo se importa com eles e lhes dão presentes, fazem caridades. Pois é, enganá-los é fácil, difícil para eles é viver todos os dias uma dura realidade. Crianças, apenas crianças.

Crianças, desculpem...MAS NÃO QUISEMOS SER MELHORES.


"A melhor maneira de tornar as crianças boas, é torná-las felizes."
Oscar Wilde
Grande Abraço.
Paz e Bons Ventos!!

Zélio Marulo Jr.
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2 comentários:

  1. No Brasil e no mundo existem centenas de crianças vivendo em condições desumanas que são, muitas vezes, obrigadas a abandonar sua infância; trocando brincadeiras pelo trabalho para ajudar na renda de suas famílias. E muitas dessas crianças ao chegarem a idade adulta, dificilmente conseguirão dar a seus filhos uma infância melhor do a que tiveram. Talvez elas nem cheguem à idade de adulta (vítimas da violência e negligência). Mas quantos de nós estão realmente interessados em fazer algo a respeito? Afinal não faltam pessoas fazendo discursos, sempre muito eloquentes, sobre os direitos das crianças e a importância da educação, mas quantas dessas pessoas realmente saem do conforto de suas salas de estar e se propõem a fazer algo que vá além do falatório de sempre?...
    O tempo vai passar, as crinaças se tornarão adultas, e nada vai mudar,a menos que nós mudemos de atitude. Tenhamos uma atitude de fato.

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  2. Onde estão nossas crianças, não é?
    E nossas crianças interiores? Será que já nos esquecemos delas???

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